Povo Ka’apor realiza marcha em homenagem à luta do líder Sarapó

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Indígenas Ka’apor da região do Alto Turiaçu, no Maranhão, realizaram um marcha para lembrar a vida e a luta da liderança Sarapó, na quarta-feira (14). A mobilização ocorreu um mês após a morte do líder da guarda que vigiava a região contra a ação de invasores madeireiros, grileiros e garimpeiros.

Sarapó Ka’apor morreu sob circunstâncias suspeitas no dia 14 de maio. Após ingerir um peixe dado por não indígenas que viviam perto da aldeia, ele passou mal e morreu em seguida. Na ocasião, foi apontado derrame cerebral como causa da morte. No entanto, os Ka’apor exigiram a investigação sob suspeita de envenenamento.

A Polícia Civil assumiu o inquérito e o corpo foi exumado no sábado (11). Ainda não há o resultado sobre a causa da morte de Sarapó. O companheiro, já havia sobrevivido a uma tentativa de assassinato em janeiro, escapando de uma emboscada realizada por homens armados em uma cidade próxima.

A caminhada percorreu cerca de 13 km pelo território dos Ka’apor e, além reforçar a importância da luta pela preservação do meio ambiente, lembrou dos ataques planejados pelo governo Bolsonaro e que tramitam no Congresso Nacional. Entre eles, está o Projeto de Lei que permite a mineração em áreas indígenas.

“Essa foi uma marcha para relembrar Sarapó. No caminho, houve paradas para lembrar histórias, algumas de tensão que eles passaram com enfrentamento com madeireiros. Ao chegar à comunidade de Sarapó, plantamos mudas de árvores em torno de seu túmulo”, afirma o professor Gilberto Marques, professor da Universidade Federal do Pará e colaborador da CSP-Conlutas.

Defesa do território

Os Ka’apor protegem seu território através da auto-defesa coletiva e constituem uma guarda própria para fiscalizar a região. Sarapó criou o conceito de áreas de proteção, que são comunidades estabelecidas próxima a vias abertas por invasores.

“Assim, eles conseguem barrar a entrada desses madeireiros. Já são 12 áreas de proteção até então. Sarapó foi assassinado e um desses locais e é onde também foi enterrado, ou plantado, como dizem os Ka’apor, já que ele irá virar floresta”, afirma Gilberto.

Em janeiro, os Ka’apor criaram a décima segunda área de proteção em um local com grande presença de madeireiros.  Já haviam muitas árvores derrubadas e a presença dos indígenas irritou os invasores.

A primeira tentativa de assassinato de Sarapó ocorreu neste contexto. Sarapó era parte do conselho de gestão da aldeia e chefe da guarda de auto defesa. Mesmo com todo cuidado para protegê-lo, madeireiros e grileiros sempre tiveram Sarapó como alvo.

A CSP-Conlutas apoia a luta dos Ka’apor e exige justiça a todos aqueles que caíram na defesa dos territórios indígenas. Exigimos a investigação sobre a morte de Sarapó, assim como a do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips.

http://cspconlutas.org.br

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